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UP | Concurso Mobiliário Urbano | Boun 2018

UP - Mobiliário que aproxima ciclista e pedestre
Concurso Internacional Boun 2018 - Redefinindo espaços residuais da cidade

Qual é a melhor solução para os espaços que "sobram" da nossa infraestrutura urbana viária? 
1. Espaços Residuais

Espaços residuais são feridas de uma cidade projetada para os carros. Este ainda é nosso modelo principal de cidade, espaço de distâncias, formas e dinâmicas incoincidentes com a escala e as dinâmicas humanas. Nesta, os espaços urbanos residuais se tornam evidências espaciais da ineficiência do modelo posto. 

Os tipos mais comuns de espaços residuais resultantes dessa estrutura de cidade são: 
1. Lotes privados especulativos ou lotes públicos no aguardo de investimentos
2. Espaços vazios em fundos de lotes privados - miolos de quadra 
3. Áreas resultantes de desenhos viários mal projetados e grandes áreas de estacionamento
Proposta

O foco deste projeto é intervir nas cidades brasileiras a partir do espaço residual de terceiro tipo. A ocupação destes espaços residuais viários significa uma retomada de direitos sobre este espaço por outros atores e outros meios de transporte, além da ocupação e uso do espaço. Em relação aos atores, meu foco é dar este espaço à mobilidade ativa, mais especificamente pedestres e ciclistas. 

Características dos espaços residuais viários:
- Pequenos e espalhados por todo o território da cidade
- Acessíveis e visíveis
- Públicos e abertos
- Possuem áreas adjascentes dos mais diversos usos 
Contexto Brasileiro 

Problemas a considerar
- Desigualdade social
- Insegurança
- População de rua
- Vandalismo
- Baixo Orçamento
- Baixa qualidade de mão-de-obra 

Potenciais

- Cultura de atividades ao ar livre 
- Crescimento do número de ciclistas e pedestres
- Mobilidade ativa abrange todas as classes sociais
- Economia local forte
- Bom uso de espaços públicos pela população
- Conexão com a natureza


Uma nova realidade
No Brasil, em geral, temos dificuldade de investimento na questão da mobilidade ativa. Mas nos últimos anos grupos de arquitetos de diversas cidades brasileiras criaram projetos baratos e eficientes que mostraram que esta pode ser uma questão simples de resolver. Cidades como São Paulo, Curitiba e Porto Alegre trouxeram projetos muito interessantes que tornaram os centros urbanos destas cidades em locais mais "caminháveis".

Resposta

Precisamos trazer de volta a escala humana das nossas cidades. Encorajar o ciclista e o pedestre significa transformar a cidade em um lugar mais humano. C
aminhar é fácil, natural, saudável, barato e sustentável. Além disso todos somos pedestres em algum momento das nossas trajetórias urbanas, e, portanto, não há maneira mais abrangente de beneficiar a cidade do que dar ao pedestre design de qualidade.

Pedestres e ciclistas podem fazer uma revolução urbana ecológica, econômica e social. Eles são pequenos, são locais. E estes são os atores responsáveis por conseguir transformar a rua e um organismo vivo, naturalmente seguro e com economia local forte.
Usos

Para o ciclista, um bom mobiliário de estacionamento significa convidá-lo a participar da vida urbana. No caso do pedestre, dá-lo espaço de descanso é chance de estimular este meio de transporte, convidando-o a parar, conversar, criar de relações, comprar e vender, e esperar outros transportes. Estes dois atores se retro-alimentam no que eu denominei de "Ciclo Saudável", dando vida ao espaço e atraindo outros personagens urbanos.
 
Precisamos tomar a rua de volta, dar real significado ao que essa palavra significa: espaço público onde relações humanas ocorrem, um organismo vivo onde a economia acontece e há diversidade de possibilidades de transporte: bicicleta, a pé, transporte público, transporte individual e de carga.
Para começar é importante tirar um tempo para observar e notar a existência desses agentes na dinâmica urbana, suas necessidades, velocidades,  medidas e escalas. Depois, precisamos de mais um tempo para entender as relações e espaços vitais necessários entre eles, só então podemos uni-los mantendo o respeito espacial, garantindo uma interação saudável e de apoio mútuo.
Necessidades Específicas

Estacionamento de bicicletas: 
- Seguro
- Visível
- Com 2 pontos de estabilidade pra a bicicleta
- Que garanta o uso de diversos tipos de trava
- Acessível e fácil de usar
- Intuitivo

Banco:
- Confortável
- Divertido
- Que convida a sentar
- Anti-vandalismo
- Feito para sentar, decansar, ler, brincar, contemplar 


- Baixo
- Divisão física 
- Espaço agradável e bonito
- Vegetação/lixeira
Volumetria

Normalmente temos espaços residuais com diversas formas e tamanhos. Para exemplificar o projeto, foi escolhido um espaço muito comum e padrão: a vaga de carro.

Baseado nele como módulo referência, dividimos em módulosmenores. Depois, foi calculado o espaço necessário para cada novo uso e também o espaço desejado entre-usos. A conexão visual entre os usos é garantida a partir das alturas, que mantém a permeabilidade visual. Além disso, a volumetria foi projetada para ser facilmente acoplada e funcionar em diversas escalas. A composição entre grupos facilita a permeabilidade global dos conjuntos. 

Obs: A vaga de carro é apenas uma das muitas possibilidades de ocupação urbana viária, os espaços residuais de desenho viário podem seguir as mesmas diretrizes de composição em relação ao protótipo.
Aparência

O mobiliário foi projetado a partir da forma de um classico estacionamento de bicicleta do tipo "U invertido". Estudos sobre este modelo no Brasil e no mundo mostram a qualidade e praticidade deste modelo. Sua geometria garante segurança, dois pontos de contato com a bicicleta (equilíbrio), possiblidade de uso de diversos tipos de trava, e uso intuitivo. Além disso, ele é um elemento robusto que garante a estabilidade geral do mobiliário.

A partir desta forma básica, foram criados intervalos horizontais, ampliando as possibilidades. As linhas possuem diferenças de altura para garantir a "brincabilidade" do mobiliário e possibilidade de uso por pessoas de diversas estaturas. Estas variações também evitam o uso contínuo por moradores de rua, podendo diminuir consideravelmente a democratização efetiva deste mobiliário.
Módulos

A natureza modular do mobiliário garante a adaptação e resposta a diferentes necessidades espaciais e sociais. As variações podem ocorrer internamente, a partir da variação dos componentes do mobiliário em si, mas também nas diferentes possibilidades de composição dos conjuntos. 
Composições internas
Composições externas
Estrutura

1. Principal: tubo contínuo que é desenhado ao longo das linhas diretrizes. Esta estrutura é fixada no chão a partir de chapas metálicas e parafusos tipo parabolt.
2. Componentes: elementos feitos de material leve, conectados à estrutura principal a partir de chapas metálicas e parafusos inferiores. 
Componentes:

Estacionamento:
Elemento que indica a posição de estacionamento da bicicleta. Além disso ela indica a melhor forma de posicionar e travar a bicicleta e pode ser movida para proteger a bicicleta da chuva.

Vaso/Lixeira:
Elemento concavo que pode ser usado como vaso para plantas ou como lixeira. 

Banco:
Assento simples com bordas arredondadas. Pode ter diversas alturas e orientações, criando um mobiliário divertido e democrático para diferentes estaturas.
Materiais


Alumínio
- Aplicação: Estrutura principal e conexões estruturais
- Características: Forte, confiável, resistente à corrosão e maresia, impermeável
- Sustentabilidade: 
a) Ecológica: Passível de ser reciclado sem perder suas propriedades; 
b) Social: Gera empregos no sistema de reciclagem de cooperativas construtoras locais;
c) Econômica: Não-corrosiva, garantindo pouca manutenção, principalmente em cidades litorâneas como o Rio de Janeiro; A pintura do material garante uma durabilidade ainda maior.
d) Local: O Brasil hoje recicla 98% do alumínio produzido no país. Além disso, este é um material amplamente utilizado na construção civil, dispensando o uso de ferramentas especiais e garantindo a replicabilidade do mobiliário em todo o território brasileiro a partir de mão de obra local.

Madeira Plástica
- Aplicação: Componentes, subestrutura
- Características: 
Leve, confortável, limpável, Impermeável
- Sustentabilidade: 
a) Ecológica: é produzido a partir da reciclagem de diversos tipos de plástico 
b) Social: Gera empregos no sistema de reciclagem de cooperativas construtoras locais. 
c) Econômica: Alta durabilidade, baixo custo de manutenção, resistente à mudanças bruscas de temperatura e umidade. 
d) Local: Amplamente produzido no Brasil, a madeira plástica é fácil de instalar, dispensando o uso de ferramentas especiais e garantindo a replicabilidade do mobiliário em todo o território brasileiro a partir de mão de obra local.
Detalhamento dos encaixes
Perspectiva Urbana
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